terça-feira, 30 de março de 2010

O GRANDE TEMPO PASCAL


Abraão iniciou a passagem do deserto em busca da Terra Prometida. O homem toma consciência de um único Deus. Começa a nascer o povo de Deus. Com muitas dificuldades, com erros sem conta, porque eram homens e não anjos, o povo de Deus iniciou a caminhada, a passagem.

Moisés continua a peregrinação, e são quarenta anos no deserto, com muito sofrimento e muita provação, muitos erros, muita negação de Deus, enquanto se forma o povo de Deus. Era difícil a vida no deserto, o homem sentia-se nu e desamparado, precisava ver Deus – e criava ídolos, que são visíveis.

Foi dificílimo aquele povo rude tornar-se o povo de Deus. Foi dolorosíssima e foi santa a passagem de homem com instintos primitivos a homem filho de Deus. Foi a Santa Páscoa, não somente para a Terra Prometida por Deus, mas para a libertação essencial – porque só Deus liberta.

O Mistério Pascal culmina com a vinda de Cristo, penhor da libertação de todos os homens. Cristo realiza na cruz a passagem libertadora do pecado e da morte para a vida em Deus. Esta passagem, em primeiro lugar de Jesus e depois de todos os homens, deste mundo para o Pai é o sentido último da Páscoa cristã.

É a razão de ser de toda a história da salvação. Para ela se encaminha, desde o princípio, a sucessão dos tempos e das gerações. Nela atinge a plenitude e revela a sua significação total a própria Encarnação do Filho de Deus. Nela finalmente encontra a Igreja de Cristo o alicerce da sua fé e a meta da sua esperança.

A Páscoa, o Mistério Pascal, os acontecimentos pascais com a sua significação divina centram-se na morte de Jesus sobre a Cruz, pela qual Ele passou para o Pai, onde vive na vida nova da Ressurreição. Jesus destrói a morte, torna manifesta a vitória da ressurreição para todos os homens.

Mistério dos mistérios, a passagem do homem para o Pai pela oblação do Cordeiro Pascal.

Nós estamos vivendo o grande tempo pascal: o tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, na consumação dos tempos. Vivemos com a essência da alegria, porque Cristo vive entre nós.

Vivemos o Reino de Deus, que veio a nós com a primeira Páscoa de Cristo – para preparar-nos para a Páscoa definitiva. O Reino de Deus é aqui e agora, nesta passagem com Cristo para o Pai.

Este é o sentido da Páscoa: vivermos hoje a presença sacramental de Deus em nós. A Páscoa de Cristo é a nossa Páscoa, a nossa passagem para o Pai.